Últimos brasileiros a ganharem a São Silvestre são de Brasília
Diante da hegemonia dos atletas africanos a cada ano parece ser improvável que um atleta brasileiro venha a vencer uma São Silvestre
Desde Marílson dos Santos, em 2010, e Lucélia Peres, em 2006, só africanos faturaram a prova mais tradicional do país Desde a última vez que um brasileiro foi campeão da Corrida Internacional de São Silvestre, duas Copas do Mundo de futebol se passaram e o Brasil se prepara para mais um Mundial. O jejum dura seis anos entre os homens e 10 entre as mulheres — a nova chance de encerrá-lo será amanhã, a partir das 8h20, com a 93ª edição da prova que percorre 15km no centro de São Paulo. Marílson Gomes dos Santos foi o último campeão, em 2010; e Lucélia Peres, a última brasileira, em 2006.
Em comum, os dois têm a cidade onde deram as primeiras passadas: Brasília. Marílson conheceu a corrida de rua no Centro Educacional 2 de Ceilândia Norte, aos 9 anos, quando se juntou ao irmão mais velho nos treinos de atletismo da escola, com o treinador Albenes Souza — até então, Marílson só queria saber de jogar futebol. O único brasileiro tricampeão da São Silvestre lamenta os conterrâneos não visarem mais a prova como antes. “Ter popularizado mais a corrida de rua é bom para a modalidade, mas o atleta que quer realmente ganhar precisa se propor a focar uma corrida específica”, aponta.Mineira de Paracatu, Lucélia se considera mais brasiliense do que tudo, pois mudou-se para a capital federal aos 2 anos. Da cidade natal, ela guarda lembranças das férias em família. A campeã da São Silvestre de 2006 observa que a falta de incentivo e patrocínios no país motiva os corredores a competirem em um número excessivo de provas, sem conseguir focar em uma, pois vivem dos valores conquistados nas premiações.
“Hoje, há mais dinheiro do que quando eu venci a São Silvestre, mas não chega ao fim da forma devida”, critica. A pouca quantidade de clubes de alto rendimento fora do Sudeste brasileiro aumenta a extensão do problema. A questão logística fez Marílson sair de Brasília ainda aos 15 anos para integrar o Sesi de São Caetano do Sul, em São Paulo. “Eu deixei Brasília há 27 anos por não ter condição de treinamento e continuo vendo a mesma situação”, lamenta. A capital é considerada um celeiro de atletas, por ter revelado outros fundistas, tais como Joaquim Cruz, Carmem de Oliveira e Valdenor Pereira dos Santos.
“No DF, temos muito espaço para treinar, uma altitude considerável e climas adversos na época da seca, o que é favorável para desenvolver talentos. É uma pena que, quando despontaram, não estavam representando Brasília”, comenta Lucélia. A competidora foi revelada por um projeto de atletismo no Paranoá e considera-se uma vitoriosa por nunca ter mudado de cidade. Com exceção a um parêntese de 2009 a 2010, quando representou o Pinheiros, em que ela seguiu treinando em Brasília. “Por causa de resultados, consegui patrocínios que me deram condição de me manter na cidade. E acredito que ficar da estrutura familiar me ajudou bastante”, comemora.
A corrida pela TV
Tanto Marílson quanto Lucélia não competem mais na São Silvestre. Marílson encerrou a carreira de atleta no ano passado, aos 39 anos, após disputar a maratona da Rio-2016. Aos 36, Lucélia continua na ativa. Ela diminuiu as participações em provas de 10km e passou a encarar corridas mais longas. Completou a primeira maratona neste ano, em Buenos Aires, terminando na 11ª posição. Também disputa corridas de rua em Brasília, administra a própria assessoria esportiva para atletas amadores e curte o filho Arthur, de 3 anos. Ela se preparava para a São Silvestre de 2013 quando descobriu a gravidez. Não pôde competir naquela temporada e, desde então, partiu para uma nova tradição: acompanhar a corrida sempre pela TV de casa.
Para quebrar o domínio africano
O jejum brasileiro no topo do pódio da São Silvestre tem relação direta com a hegemonia dos africanos na prova. E, para Marílson Gomes dos Santos, a maioria dos países da América Latina e da Europa está sofrendo com a falta de renovação de atletas em provas de longas distâncias. Entre os países que entram nesta lista estão os africanos. E, segundo ele, principalmente por questão cultural. “O atletismo é o esporte número 1 dos africanos. É como o futebol para os brasileiros”, acredita Marílson.
Por revelar muitos talentos, os países africanos sempre contam com representantes fortes nas principais provas do mundo. Nesta São Silvestre não é diferente. Campeão da Maratona de Paris deste ano, o queniano Paul Lonyangata fará sua estreia na corrida, que também contará com o queniano Esther Kakuri, campeão da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro na temporada e quinto colocado da São Silvestre em 2016. Entre os favoritos na prova masculina, há ao menos mais cinco quenianos: Stanley Biwott, Philemon Cheboi, Edwing Rotich, Marwa Mkami e Paul Kipkemboi. Na prova feminina, as quenianas também se destacam. Flomena Daniel foi terceira colocada na Maratona de Paris deste ano; Leah Jerotich é a atual campeã da Volta da Pampulha e da Maratona de São Paulo; e há ainda Paskalia Chepkorir e Rosemary Monich. Ao menos o Brasil contará com o retorno do campeão brasileiro da São Silvestre de 2006. Aos 34 anos, Franck Caldeira voltará a disputar a corrida de rua mais tradicional do calendário nacional após sete anos de ausência para focar a briga por uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio-2020.
O brasileiro que chega como principal candidato a quebrar o jejum nacional, porém, é Giovani dos Santos, 36. O mineiro alcançou um lugar no pódio nas últimas seis edições — terminou em quarto lugar no ano passado — e foi heptacampeão na Volta da Pampulha, no início do mês. “Nós, que competimos aqui de janeiro a janeiro, ao fim do ano, estamos desgastados. Já os africanos chegam mais descansados”, avalia.
Entre os nomes da elite nacional, há ainda Wellington Bezerra, Gilberto Lopes, Valério Fabiano e Éderson Pereira. Na prova feminina, a melhor brasileira na edição do ano passado foi a mineira Tatiele de Carvalho, com a sétima colocação. Ela promete competir em alto nível novamente neste ano. As outras brasileiras que chegam fortes são Joziane Cardoso dos Santos e Andréia Hessel.
Desde Marílson dos Santos, em 2010, e Lucélia Peres, em 2006, só africanos faturaram a prova mais tradicional do país Desde a última vez que um brasileiro foi campeão da Corrida Internacional de São Silvestre, duas Copas do Mundo de futebol se passaram e o Brasil se prepara para mais um Mundial. O jejum dura seis anos entre os homens e 10 entre as mulheres — a nova chance de encerrá-lo será amanhã, a partir das 8h20, com a 93ª edição da prova que percorre 15km no centro de São Paulo. Marílson Gomes dos Santos foi o último campeão, em 2010; e Lucélia Peres, a última brasileira, em 2006.
Em comum, os dois têm a cidade onde deram as primeiras passadas: Brasília. Marílson conheceu a corrida de rua no Centro Educacional 2 de Ceilândia Norte, aos 9 anos, quando se juntou ao irmão mais velho nos treinos de atletismo da escola, com o treinador Albenes Souza — até então, Marílson só queria saber de jogar futebol. O único brasileiro tricampeão da São Silvestre lamenta os conterrâneos não visarem mais a prova como antes. “Ter popularizado mais a corrida de rua é bom para a modalidade, mas o atleta que quer realmente ganhar precisa se propor a focar uma corrida específica”, aponta.Mineira de Paracatu, Lucélia se considera mais brasiliense do que tudo, pois mudou-se para a capital federal aos 2 anos. Da cidade natal, ela guarda lembranças das férias em família. A campeã da São Silvestre de 2006 observa que a falta de incentivo e patrocínios no país motiva os corredores a competirem em um número excessivo de provas, sem conseguir focar em uma, pois vivem dos valores conquistados nas premiações.
“Hoje, há mais dinheiro do que quando eu venci a São Silvestre, mas não chega ao fim da forma devida”, critica. A pouca quantidade de clubes de alto rendimento fora do Sudeste brasileiro aumenta a extensão do problema. A questão logística fez Marílson sair de Brasília ainda aos 15 anos para integrar o Sesi de São Caetano do Sul, em São Paulo. “Eu deixei Brasília há 27 anos por não ter condição de treinamento e continuo vendo a mesma situação”, lamenta. A capital é considerada um celeiro de atletas, por ter revelado outros fundistas, tais como Joaquim Cruz, Carmem de Oliveira e Valdenor Pereira dos Santos.
“No DF, temos muito espaço para treinar, uma altitude considerável e climas adversos na época da seca, o que é favorável para desenvolver talentos. É uma pena que, quando despontaram, não estavam representando Brasília”, comenta Lucélia. A competidora foi revelada por um projeto de atletismo no Paranoá e considera-se uma vitoriosa por nunca ter mudado de cidade. Com exceção a um parêntese de 2009 a 2010, quando representou o Pinheiros, em que ela seguiu treinando em Brasília. “Por causa de resultados, consegui patrocínios que me deram condição de me manter na cidade. E acredito que ficar da estrutura familiar me ajudou bastante”, comemora.
A corrida pela TV
Tanto Marílson quanto Lucélia não competem mais na São Silvestre. Marílson encerrou a carreira de atleta no ano passado, aos 39 anos, após disputar a maratona da Rio-2016. Aos 36, Lucélia continua na ativa. Ela diminuiu as participações em provas de 10km e passou a encarar corridas mais longas. Completou a primeira maratona neste ano, em Buenos Aires, terminando na 11ª posição. Também disputa corridas de rua em Brasília, administra a própria assessoria esportiva para atletas amadores e curte o filho Arthur, de 3 anos. Ela se preparava para a São Silvestre de 2013 quando descobriu a gravidez. Não pôde competir naquela temporada e, desde então, partiu para uma nova tradição: acompanhar a corrida sempre pela TV de casa.
Para quebrar o domínio africano
O jejum brasileiro no topo do pódio da São Silvestre tem relação direta com a hegemonia dos africanos na prova. E, para Marílson Gomes dos Santos, a maioria dos países da América Latina e da Europa está sofrendo com a falta de renovação de atletas em provas de longas distâncias. Entre os países que entram nesta lista estão os africanos. E, segundo ele, principalmente por questão cultural. “O atletismo é o esporte número 1 dos africanos. É como o futebol para os brasileiros”, acredita Marílson.
Por revelar muitos talentos, os países africanos sempre contam com representantes fortes nas principais provas do mundo. Nesta São Silvestre não é diferente. Campeão da Maratona de Paris deste ano, o queniano Paul Lonyangata fará sua estreia na corrida, que também contará com o queniano Esther Kakuri, campeão da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro na temporada e quinto colocado da São Silvestre em 2016. Entre os favoritos na prova masculina, há ao menos mais cinco quenianos: Stanley Biwott, Philemon Cheboi, Edwing Rotich, Marwa Mkami e Paul Kipkemboi. Na prova feminina, as quenianas também se destacam. Flomena Daniel foi terceira colocada na Maratona de Paris deste ano; Leah Jerotich é a atual campeã da Volta da Pampulha e da Maratona de São Paulo; e há ainda Paskalia Chepkorir e Rosemary Monich. Ao menos o Brasil contará com o retorno do campeão brasileiro da São Silvestre de 2006. Aos 34 anos, Franck Caldeira voltará a disputar a corrida de rua mais tradicional do calendário nacional após sete anos de ausência para focar a briga por uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio-2020.
O brasileiro que chega como principal candidato a quebrar o jejum nacional, porém, é Giovani dos Santos, 36. O mineiro alcançou um lugar no pódio nas últimas seis edições — terminou em quarto lugar no ano passado — e foi heptacampeão na Volta da Pampulha, no início do mês. “Nós, que competimos aqui de janeiro a janeiro, ao fim do ano, estamos desgastados. Já os africanos chegam mais descansados”, avalia.
Entre os nomes da elite nacional, há ainda Wellington Bezerra, Gilberto Lopes, Valério Fabiano e Éderson Pereira. Na prova feminina, a melhor brasileira na edição do ano passado foi a mineira Tatiele de Carvalho, com a sétima colocação. Ela promete competir em alto nível novamente neste ano. As outras brasileiras que chegam fortes são Joziane Cardoso dos Santos e Andréia Hessel.
Pesquisa - Magno Moreira
Fonte -https://www.df.superesportes.com.br
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